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Lançamento Do Livro ” Pequena África: histórias, memórias e personagens num museu de território”, de Martha Abreu & Monica Lima

22/novembro/2025 @ 15:00 - 18:00

Em 9 de julho de 2017, o sítio histórico do Cais do Valongo foi reconhecido como Patrimônio Mundial por seu caráter simbólico, sensível e de valor universal excepcional para a história da humanidade. Pela região do Valongo chegaram aproximadamente um milhão
de africanos escravizados, entre o final do século 18 e 1831, quando a lei de proibição do tráfico escravista afastou dali o desembarque de cativos trazidos da África. A maior parte dos africanos teve como destino o trabalho forçado nas plantações de café do Vale do Paraíba, riqueza que foi a base da consolidação do Império do Brasil.

O reconhecimento do Cais do Valongo envolveu e exigiu uma série de medidas e ações municiapais, estaduais, federais e internacionais (com a parceria da UNESCO), visando seu cuidado, proteção e organização da visitação. No mesmo ano de 2017, numa iniciativa da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Cultura durante a gestão de Nilcemar Nogueira (2017-2019), foi criado o MUSEU DA HISTÓRIA E DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA (MUHCAB) com objetivo de viabilizar a criação de um centro de referência para os visitantes do Valongo. O planejamento inicial era para o Museu ter sua sede principal no prédio “Docas Rebouças”, um enorme galpão bem ao lado do Cais, mas, por uma série de complicações jurídicas sobre a posse do imóvel, políticas e financeiras, foi inaugurado, em 2021, no prédio histórico da Escola José Bonifácio, na Rua Pedro Ernesto, não muito distante do Cais do Valongo.

O MUHCAB liderou o planejamento do Museu de Território na área circunvizinha ao Cais do Valongo, conhecida como Pequena África. A região faz parte da chamada “zona de amortecimento”, uma delimitação prevista pelas regras técnicas de patrimonialização da UNESCO, já que funciona como suporte, proteção e preservação do sítio mundial.

Por sua profunda relação com o Cais do Valongo, como veremos, a região da Pequena África é uma região mais do que perfeita para funcionar como “zona de amortecimento” e Museu de Território, pois também aprofunda e confere significados que reforçam e valorizam a relevância histórica do sítio de memória sensível. Divulgada em livros, letras de música e enredos de escolas de samba a expressão Pequena África passou a nomear no século 20 uma parte significativa da cidade do Rio de Janeiro, próxima ao centro, ao porto e ao Cais do Valongo, onde a presença africana e o patrimônio cultural negro marcaram para sempre a história da cidade do Rio de Janeiro do próprio Brasil.
Começamos a participar dos trabalhos para a construção do MUCHAB e do Museu de Território a partir de 2017, inicialmente ao lado das historiadoras Hebe Mattos, Ana Flávia Guimarães Pinto, Giovana Xavier e Keila Grinberg. Tratava-se do grupo que desenvolvia o blog Conversa de Historiadoras (e em parte compõe o projeto Passados Presentes, Memória da Escravidão no Brasil ) e que ampliava suas atividades no campo da história pública.

A partir de demanda da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, apresentamos uma “Proposta de metodologia e estrutura básica do projeto de conteúdo para o Museu de Território/Centro de Interpretação do Valongo”, que se tornou o documento norteador para o que desenvolvemos ao longo de 2018 e 2019. Com apoio da UNESCO, assumimos a Curadoria Científica e o Projeto de Conteúdo para o Museu de Território e, em dezembro de 2019, entregamos os textos finalizados e revisados para a exposição a céu aberto e sinalização interpretativa.
Como esses textos tiveram circulação limitada, decidimos publicar o trabalho apresentado à UNESCO e ao MUHCAB, já que os esforços de concretização e sinalização do Museu de Território não foram realizados. Para essa publicação foi fundamental o apoio e incentivo do IPN, Instituto dos Pretos Novos, nas pessoas de Merced Guimarães e Carla Nogueira Marques.
Esperamos que esse material, agora transformado em livro, seja uma contribuição significativa, de conteúdo e de perspectiva conceitual, para a ocupação da cidade do Rio de Janeiro, especialmente a Pequena África, com memórias, registros e monumentos que reconstruam, de uma forma justa e reparadora, o protagonismo da população negra na história do Rio de Janeiro e do Brasil.

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